Vestígios de Noiva - Traço três



Um martírio mais que um marido
 

Apesar de Rita sentir particular atracção pela virtude, e ansiar consagrar o seu corpo e alma ao Senhor, Deus preferiu fazê-la passar pela provação de um duro casamento para a purificar pelas dificuldades e salvar através dela muitas almas. Aconteceu que os pais de Rita, vendo aproximar-se o fim dos seus dias e temendo deixar a sua filha sozinha e exposta aos perigos do mundo, resolveram preservá-la através do casamento. Em 1395, quando Rita contava quinze anos, os seus pais casaram-na com um jovem da aldeia, Fernando Mancini, segundo a tradição um homem de boa família, mas de temperamento violento, bebedor e mulherengo, que além disso a maltratava. A informação do primeiro biógrafo da santa, que descreve o esposo de Rita como "um homem muito feroz que atemorizava a sua pobre esposa só com falar", talvez esteja baseada numa má leitura de um verso da inscrição que aparece na Caixa Solene, onde a expressão tantu feroce está unida a merito e não a marito. "Sobre todas as mulheres, recebeste o dom de uma das espinhas do Senhor. Que mérito te atribuíste naquela paixão tão feroz? Nenhum mérito." Contudo, o documento da canonização aceita a leitura tradicional que considera Fernando um marido irascível e violento, que a menor contradição fazia cair em acessos de verdadeiro frenesim, e afirma que Rita teve "um martírio mais que um marido", e também é esta a ideia que tiveram sempre os devotos de Santa Rita. Deste marido Rita teve dois filhos, João Santiago e Paulo Maria, talvez gémeos.

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